quarta-feira, 9 de março de 2011

Impostolândia

“Para os jovens de hoje, eu digo que acreditem no futuro, o mundo está ficando melhor; ainda há muitas oportunidades” – Walt Disney

Imposto de Renda, IPI, IOF, ICMS, IPVA, IPTU, ISS, ITBI.
Viver no Brasil é realmente muito fácil. Você paga um monte de impostos, é verdade, mas quando precisa de um médico, você pode ir tranquilamente a um hospital público, seja ele estadual, federal ou municipal, e receber um atendimento de primeira. Você também pode matricular os seus filhos em uma escola pública, e dormir tranquilo sabendo que ele terá a mesma educação de um aluno do Bandeirantes ou do Augusto Laranja.
Como se não bastasse todas essas maravilhas, o país emergente aqui também tem estradas de qualidade e a segurança pública é indiscutível. É possível andar por aí, feliz e saltitante, com o seu carro novo e o caramba a quatro sem temer dar de cara com um assaltante, afinal, eles não existem por essas bandas.
A esta altura você deve estar pensando que eu ainda estou sob o efeito do Carnaval, mas até a última vez que eu chequei organizar a mudança não tem efeitos alucinógenos.
O Brasil é tudo isso! Não é? Quer dizer, eu vi hoje o que se paga de imposto de renda, e considerando que sempre que eu tenho um salário, 6% dele vai para o pagamento do Simples Nacional, eu imagino que esse dinheiro seja aplicado em algum lugar. E se é a população que paga o imposto onde mais ele haveria de ser aplicado?
Pena que isso só acontece na teoria. Para quem não sabe, eu ainda tenho um bisavô vivo, que está com 95 anos. Pela idade dele, vocês podem imaginar que ele não está em uma condição muito boa. Outro dia fomos até um posto de saúde, ver essas coisas de médicos que vão em casa (ele não sai mais da cama, não tem como levar ele no hospital e largar sentado num corredor esperando o atendimento). Isso efetivamente existe. Ponto para quem implantou este serviço. O problema é que demora meses. Tudo bem, o vovô tem aposentadoria é só pagar um médico particular. Vocês têm ideia de quanto custa um desses? Para um aposentado, custa demais. AH! Deve ser por isso que a minha vó está devendo para Deus e todo mundo...
Outro dia o médico do SUS apareceu lá na casa dele. Segundo a empregada, o doutor mal olhou para cara do meu avô. (Sim, o cara estuda anos para entrar na faculdade, passa seis anos estudando às custas do impostos pagos por mim e por você (se ele fez uma faculdade pública), e aí ele presta um atendimento desses).
Aí alguém diria: Ah, mas os médicos ganham mal, e não recebem do Estado materiais de trabalho, como luvas, por exemplo. É verdade, você tem razão. No meu último emprego eu não recebi o salário, e nem por isso eu fiz um trabalho porco. E olha que eu estudei às custas do meu pai, e eles também não me davam condições de trabalho.
A minha revolta é sim motivada pelo que o meu pai vai pagar de imposto de renda. Se ele não tivesse me mostrado o valor, você certamente não estaria aqui lendo esse texto. Mas isso é um absurdo mesmo. Quer dizer, o governo fica com uma bela fatia do seu salário e não te dá nada em troca.
Ah sim, protestar no blog, no Twitter e no Facebook não vai mudar o mundo. Mas eu, que sentia remorso ao colar na escola, não ia me sentir bem sonegando imposto. Se bem que eu posso pensar melhor a respeito quando meu contador me der notícias sobre o meu IR.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Um, dois, três indiozinhos..


De todas aquelas músicas que cantam para gente na infância a que eu me lembro com mais freqüência é essa do indiozinho.
Acompanha comigo. Metrô de São Paulo. Estação da Sé. Hora do rush. Já entendeu o porquê dá música? Não? Tudo bem, eu explico.
Depois de um dia de trabalho você chega na Sé e, como de costume, a encontra com gente saindo pelo ladrão. Aí você lembra daquela lorota que o trabalho enobrece e fica na fila, numa boa, aguardando a sua vez de entrar na lata de sardinha. Quer dizer, no vagão. Nessas horas tem sempre alguém do seu lado com aquelas teorias da conspiração, ou aqueles que pensam que sabem a hora exata que um trem vazio vai aparecer.
E é aí que a música me vem à cabeça. Já reparou como o povo tem certeza que aquele será o último vagão na história do Metrô!? Eu não sei ao certo qual o intervalo entre uma composição e outra, mas é em torno de dois minutos. Só dois!
Aí alguém diria: “Ah, mas o próximo vagão não estará vazio!”. E nem esse depois que vocês tentarem arremessar uns aos outros dentro dele. Não meu bem, chutar crianças e velhinhos não vai fazer você chegar mais cedo na sua casa! Aceite!
Eu até acho que o Metrô paulista presta um bom serviço e tal, o que estraga são os clientes. Quer dizer, já que a pessoa vai usar o sistema, e não estará nele sozinha, ela podia, ao menos, não deixar a educação trancada em alguma gaveta de casa.
Vocês já estiveram a sorte de estar dentro do Metrô, no sentido Palmeiras Barra Funda na hora em que ele para no Brás, lá pelas 6h30, 7h? Se você nunca passou por essa gratificante experiência, não reclame do transporte coletivo. Porque, afinal, você não faz idéia do quão ruim ele pode ser.
Sabe no futebol americano quando os caras empurram ao outro sei lá eu por qual objetivo? Pois é. A diferença é que o espaço não é tão grande, e não estamos todos uniformizados e protegidos para receber os “rivais”.
Percebo agora que pode ser injusto pensar na música dos indiozinhos, mas ninguém nunca me ensinou nenhuma sobre os homens da caverna.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011 vem aí..

Não sou muito de promessas de Ano Novo, até porque, eu não sou das mais chegadas em prometer alguma coisa. Seja para Deus, para algum Santo, para mim mesma ou para os outros. Também não estou acostumada a fazer balanços, mas este ano decidi fazer as coisas diferentes.
Na prática quando o relógio marcar meia noite nada vai mudar. Exceto a data. Mas acho bem legal ver as pessoas se preparando para a vida mudar. Para mim a tradição é chorar. Aposto que você tá pensando: bem a sua cara, não é Juliana? E é. Eu sou chorona mesmo. Mas as lágrimas do Natal e do Ano Novo são uma tradição da minha mãe. Ela é sempre a primeira a começar.
Eu vou chorar porque vou sentir a falta do meu irmão. O cara que eu mais amo no mundo foi para praia, passar a virada com os amigos..
Também da saudade da minha bisavó, das duas, aliás. E amanhã eu vou sentir falta da tia Rosa, que pela primeira vez não estará com a gente no primeiro dia do ano. Mas o cara lá de cima foi simpático e deixou o meu bisavô mais um pouquinho aqui com a gente.
Outro dia eu disse que 2010 já estava indo tarde, porque tinha sido um ano ruim. Mudei de ideia. Teve coisas bem ruins, é verdade. Conheci pessoas ruins, mesquinhas, falsas. Gente que não tem respeito pelo sentimento, pela inteligência, e pelo trabalho dos outros. Conquistei o meu sonho, e tenho visto ele desabar aos poucos, como um castelo de cartas. Passei por uma série de despedidas e vi pessoas que eu amo irem embora. Mas no todo, não foi tão ruim assim.
Tive uma série de conquistas também. Alcancei o meu sonho. Dane-se que ele está desmoronando, valeu a pena. Agora tenho que seguir para o próximo sonho, e continuar lutando. Faz parte. Tive o prazer de conhecer pessoas fantásticas. E revi amigos dos quais eu tinha me despedindo achando que não os veria mais. Amigos da faculdade e amigos do trabalho. Família do Mackenzie e família do Palácio. Revi também um dos meus melhores amigos. Um cara que eu quase não vejo, mas que é muito especial para mim.
Acho que no fim das contas é isso que importa. Então, valeu 2010! Valeu por trazer para a minha vida essas pessoas incríveis, esses amigos que eu espero reencontrar muitas outras vezes (vale ressaltar que eu tenho os meus momentos em ser boa nessa coisa de juntar os amigos) e que fizeram de mim uma pessoa melhor.
As pessoas seguem me surpreendendo, e eu continuo acreditando. Na sinceridade, na bondade, na amizade, e, principalmente, nas pessoas. Pode ser que isso seja ruim, e que eu quebre a cara mais um montão de vezes, mas prefiro assim. Tenho certeza que vale a pena.
Acho que a gente desperdiça muito tempo na vida. Desperdiça palavras e momentos, e perde a chance de dizer as coisas que realmente importam. Então, se você dedicou um pouco do seu tempo para vir aqui e ler este texto, permita-me lhe dar um conselho: a vida é muito curta e passa rápido demais. Se você quer alguma coisa, ou se você ama alguém e quer estar com essa pessoa, vai atrás e lida com os problemas depois. A gente nunca sabe o que o amanhã vai trazer. Seja feliz! Não importa onde você vai chegar, o que vale é o caminho que irá percorrer.
Feliz 2011 para todos nós. Que o ano que se inicia traga saúde, paz, sucesso, dinheiro, amor, alegria, e tudo que mundo tem de melhor. Para nós, nossas famílias e nossos amigos.
Feliz Ano Novo!!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

“A infância é curta e a maturidade é eterna”



Estava pensando hoje em quantas vezes na vida nós queremos mudar a ordem das coisas. Chegar aos 15 anos, depois aos 18 e aí aos 21. Ir pro colegial, e depois pensar que a oitava série era tudo o que você precisava.
Hoje me peguei querendo voltar no tempo. Para uma época onde tudo era mais fácil. Onde a minha única preocupação era a difícil escolha entre uma mochila com rodinha e outra sem. Tudo tão mais simples. Não tinha conta, não tinha imposto. Não tinha o fardo de ser um adulto.
Coisa mais chata, sabe? Como diz o Calvin, aquele do Haroldo, a vida é muito mais divertida quando você não é responsável pelos seus atos.
Lembrei também de quantas pessoas já passaram pela minha vida, e quantas delas não souberam o quanto foram importantes para mim.
É, às vezes a gente tem que dizer isso para as pessoas. Dizer que ama, dizer que gosta, dizer que sente saudades...
Hoje, mais uma vez eu percebi o quanto eu sou ruim em despedidas. Não tenho talento nenhum para isso. Chorei tanto que minha cabeça está latejando até agora. Mas o depois é sempre pior. Fica o vazio, a lembrança.. Resta um monte de coisas que faziam parte da sua rotina e que agora, de uma hora outra, não existem mais.
No meu último dia na faculdade, além da raiva que eu senti do meu orientador (que é um ser humano muito cruel), deu um vazio tremendo. Não ia ter mais Carol, Pedro, Mayra, Cadu, Lica, Sandro, Tardelli, Malandro.. Não ia ter o convívio diário. Os trabalhos, os almoços, e até as aulas que a gente matava. Ninguém mais ia querer me levar no bar e tirar fotos quando eu estivesse com um copo de cerveja na mão. (A graça deles era me ver com o copo, eu quase nem bebia). Quando a cerimônia da colação de grau acabou, eu vi que uma parte da minha vida tinha chegado ao fim. Depois de 20 anos estudando, e me preparando para a vida, era a hora de enfrentá-la.
Eu já tinha um emprego, e tudo fiz foi mantê-lo. Mas aí chegou a hora de ir frente e correr atrás do meu sonho. Mais uma despedida. Depois de tantas que eu já tinha tido ali mesmo. Nossa, como doeu. Chorei um dia inteiro. Mas percebi que ali, naquele momento, eu tinha conseguido deixar claro para as pessoas o quanto elas eram importantes para mim. Recebi um email de despedida que dizia que as manhãs seriam mais tristes sem mim. Vou guardar para sempre. Ganhei abraços, beijos, e até um chinelo..
Hoje, no entanto, o meu desafio é um tanto quanto maior. Eu vou voltar para o lugar de onde os outros foram embora. Para o lugar onde estão as lembranças. Há algumas semanas eu já tinha experimentado a sensação de ver alguém ir embora. E devo dizer, não foi nada agradável. Ainda lembro da carinha dele olhando para mim e dizendo que não ia voltar mais. Lembro dele saindo pela porta e me abraçando, e lembro dos dias que passaram e que me deram a certeza de que ele não iria voltar. Outro dia eu disse para ele que sentia falta, que sentia saudades, e ele respondeu que sabia...
Aí hoje, quando o dia já não estava lá essas coisas, me vem a notícia de que mais um vai embora. Eu não era tão próxima a ele quanto era do outro cara, mas dói mesmo assim. Passado algum tempo, pensei em outro amigo, e desci atrás dele. Puxa, fiquei tão feliz quando ele disse que não estava indo embora. Mas as coisas mudam tão rápido. Quando vi, lá estava eu, me despedindo de mais um..
Já disse que não gosto de despedidas né?!? Todo mundo fica tentando me convencer de que não é um adeus, mas sempre é. É uma parte da sua vida que não volta, uma parte de você que vai embora.. Eu queria todos os meus pedacinhos de volta. Todos eles, sem exceção. Carol, Pedro, Mayra, Lica, Malandro, Cadu, Tardelli, Sandro, This, mamãe Petroni, And, Carol, Dris, Rafa, Shibuya, Cleber, Guedes, e mais um montão de gente que ficou pelo caminho.
Poxa, eu tenho só 24 anos... quantas despedidas mais eu vou ter que aturar?!?!
As pessoas sempre vão embora, não é? Prefiro acreditar que as vezes elas voltam...

domingo, 5 de setembro de 2010

Pela última vez..


Depois de 2 anos, três meses e 26 dias, chegou a hora de dizer adeus ao Palácio dos Bandeirantes.

Aprendi muito aqui, mas mais do isso, fiz grandes amigos neste lugar. Alguns deles já tinham partido, deixado o Palácio em busca de novas aventuras. Outros continuam aqui, enquanto eu passo pela portaria dois pela última vez. Como funcionária, pelo menos.

Vou sentir falta. De tudo. Exceto, talvez, da comida ruim da Santa Helena. Vou sentir a ausência do riso fácil da Carol, das caras da Adriana, das histórias loucas da outra Adriana, das revistas, das conversas, das brincadeiras e dos conselhos do Guedes, da confiança que o Cleber sempre teve em mim e dos desenhos que ele nunca me deixou ver, das conversas com o Luis Felipe. Assim como já sentia falta dos papos com o Daniel, dos meus amigos da foto, das brincadeiras com o Bottini, dos almoços animados com o And, dos colos e conversas com a mamãe Petroni, e da pequena Giovanna, que a Ju levou com ela, não sei por quê.

Foram dois anos intensos. Acho que é verdade o que dizem. Os amigos são a família que Deus nos permitiu escolher. Essas pessoas foram a minha família do Palácio. Eles passaram mais tempo comigo que a minha família de verdade.

Estou tendo o meu momento de Valentino Rossi, por mais estranho que isso pareça. Eu também estou trocando a segurança da minha Yamaha, por uma aventura na Ducati. Ao contrário dele, no entanto, eu não me apaixonei pela minha M1. O meu computador nunca foi nenhuma maravilha, e olha que eu até tentei deixar ele melhor. Não estou saindo do time com quatro títulos, e não sei dizer o eu deixei aqui. Quer dizer, sobraram uns post-it, canetas, bloquinhos e até um grampeador, mas acho que isso não importa muito. Os que ficam devem ter uma ideia melhor sobre o meu “legado”.

Eu sei o que eu estou levando daqui. Levo amigos, experiência, aprendizado e algumas mudanças na minha visão sobre a política, o mundo e, principalmente, as pessoas.

Deixo aqui o meu eterno agradecimento a todos aqueles que fizeram parte dessa história. Eu não vou esquecer. Espero encontrar vocês muitas outras vezes. Eu ouvi uma vez que ninguém está preparado para os grandes momentos. Mas eles chegam mesmo assim. Vocês todos ajudaram a me preparar para esse mundo novo que me espera.

Tenho certeza que minha nova equipe será vencedora, assim como a equipe da qual me despeço hoje. Terei novos amigos. Novas experiências. Sei que vai dar tudo certo. Levo um pouquinho de cada um de vocês comigo, e deixo aqui um pedaço meu. Foi muito bom trabalhar com vocês, e melhor ainda conhecê-los.

Eu amo vocês, família do Palácio.

Arrivederci!

PS: Deixei o João para o final, só para poder dizer que aquela foto que ele tem da despedida dele não é nada perto do que eu chorei na minha despedida! Você fez falta João Marcos!

A foto é do Daniel Guimarães.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Automobilismo para mulher

Este ano, pela primeira vez na história, o Brasil teve uma representante em uma categoria top do automobilismo mundial. A piloto é Ana Beatriz Figueiredo, a Bia, que fez a sua estréia na Fórmula Indy, em 14 de março, na São Paulo Indy 300.

Apesar de estar em uma categoria bastante receptiva a representantes do sexo feminino, as dificuldades em um meio predominantemente masculino continuam sendo uma barreira para a entrada de mulheres no esporte a motor.“Eu acho que ainda não é cultural. As mulheres estão começando”, explica Bia Figueiredo.

Hellé Nice foi pioneira neste meio. A francesa iniciou a carreira no final da década de 20, e chegou a disputar provas no Rio de Janeiro e em São Paulo. A passagem de Nice pelas pistas foi interrompida graças a uma acusação, nunca comprovada, de que ela teria colaborado com o regime nazista de Adolf Hitler.

Algumas poucas mulheres seguiram os passos da piloto francesa. A Fórmula 1, principal categoria do automobilismo mundial, só acendeu as luzes de seus circuitos para uma mulher em 1992. Era a italiana Giovanna Amati, que tentou se classificar para o grid três vezes, sem obter sucesso. Em 60 anos do mundial, apenas outras quatro mulheres chegaram a categoria.

“Eu cheguei a ver na Fórmula 1 uma única mulher. Não, duas! Eu vi a Leila Lombardi e a Divina Galica, que eram a grande exceção. Hoje já não é. Todas as categorias têm. Agora, na Fórmula 1 eu já acho mais difícil”, afirma o comentarista Reginaldo Leme.

Em dos principais motivos apontados para a ausência de mulheres no mundial, é a questão física. O octacampeão de kart Sergio Jimenez avalia que a modalidade exige um grande preparo físico. “O automobilismo exige muito fisicamente. Então você precisa estar muito bem preparado na musculatura e no aeróbico.”

O preparo exigido não é exclusividade da F1, como explica Lucas Finger, piloto da Copa Montana. “Eu tenho que me dedicar demais. Faço academia duas vezes por dia. Alimentação bem regrada, com legumes e verduras. Nada de álcool. Eu sou proibido mesmo.”

Mesmo na Indy, categoria na qual o preparo físico não precisa ser tão rigoroso quanto na F1, os pilotos buscam a melhor condição. “Geralmente o que eu costumo fazer é a pré-temporada. Pegar forte no físico”, explica Bia. “Eu tenho que trabalhar muito, principalmente pelo fato de ser mulher.”

O nível de exigência da Fórmula 1 é ainda mais difícil. “Eu não estou falando da fragilidade da mulher em si. Eu parto do principio que geneticamente a mulher foi feita para determinadas coisas”, explica Leme. “Mas no momento em que houver um afunilamento muito grande, como é o caso da Fórmula 1, a mulher vai ser naturalmente excluída” analisa o comentarista.

O próprio Bernie Ecclestone, o todo poderoso da F1, vê a presença de mulheres na pista como um grande atrativo de público e patrocinadores. “Como ele tem visão de marketing, fala que ele já teve um negro campeão do mundo, só falta uma mulher. Uma mulher que se destacasse”, afirma o comentarista da Tv Globo.

O número limitado de vagas disponíveis na principal categoria do esporte a motor é outra barreira para a participação feminina. “São 20 lugares. Você sabe o que é isso? Levando-se em conta que em cada país saem uma média de 30 pilotos de kart por ano, para ficar na F1. Então como é que uma mulher vai competir com esse afunilamento? Só se fosse gênio”, explica o jornalista.

As categorias norte-americanas têm despontado como uma opção. Alavancadas pela participação de Danica Patrick, a primeira mulher a vencer uma corrida na categoria, em 2008 no circuito de Motegi, outras mulheres vestiram a bala clava. Nesta temporada, estão nas pistas da Indy a venezuelana Milka Duno, a suíça Simona de Silvestro e a americana Sarah Fisher, que além correr é proprietária de uma equipe.

“Em todo o meu kartismo eu sempre sonhei em ir para a Fórmula 1”, revela a piloto brasileira. “Eu tentei, mas hoje as condições são muito difíceis. A partir do momento que eu vi que as coisas eram muito mais difíceis do que eu imaginava, eu coloquei na minha cabeça que qualquer categoria top do mundo, ou qualquer categoria que me desse a oportunidade de ser um profissional, de viver de automobilismo eu já estaria feliz.”

“É igual no futebol pensar em ir para a seleção, né? Mas acho que a gente vai amadurecendo e vê que o sobrenome não pesa muito”, explica o piloto de Stock Car. “Mas é o sonho de todo mundo andar na Fórmula 1”.

Apesar das dificuldades, que existem inclusive para os homens, todos os pilotos que alcançam a realização profissional, nos mais diversos circuitos do mundo, mantém o mesmo entusiasmo do inicio da carreira. “Quando eu entrei num kart pela primeira vez, eu fui na contramão na pista de Interlagos. Eu tinha oito anos, sentei no kart e virei para o lado errado”, relembra a piloto que correu pela Dreyer & Reinbold. ”Eu não tinha noção do que eu estava fazendo. Estava tão feliz de andar. E hoje, depois de 16 anos de corrida, eu estou quase chegando ao meu objetivo. Se eu fechar o olho e lembrar tudo que eu passei, é algo que arrepia.”

“Automobilismo para mim, além de ser a minha profissão é a minha paixão. É o que eu amo fazer. E eu me sinto uma pessoa muito sortuda de ter a oportunidade de estar onde eu estou. De ter todas as oportunidades que eu tive. De estar neste momento. Porque de 50 pilotos que correram comigo, provavelmente só cinco chegam. E saber que eu sou um deles é muito gratificante” avalia Bia. “É muito trabalho. Não é fácil. Mas eu sou muito feliz porque estou fazendo o que eu gosto”, finaliza a brasileira.